Quatro anos antes do agravamento da crise hídrica no estado de São Paulo, estudo da Organização Trata Brasil já apontava os riscos de desabastecimento. O levantamento, realizado em 2010, mostra as diferenças entre as perdas físicas de água (reais) e as perdas não físicas (aparentes) e aponta soluções para reduzi-las.
Segundo o Ministério das Cidades, citado no estudo, as perdas físicas (reais) podem ocorrer em todas as fases de tratamento da água: na captação e transporte da água bruta, no tratamento, na reserva, na adução da água tratada e na distribuição.
Já as perdas não físicas (aparentes) causam perdas no faturamento e ocorrem por fatores como ligações clandestinas/irregulares, ligações sem hidrômetros, hidrômetros parados, hidrômetros que subestimam o volume consumido, ligações inativas reabertas, erros de leitura e número de economias errado.
As perdas mencionadas na pesquisa são do tipo não físico, ou seja, são perdas de faturamento, já que há restrições ao uso de indicadores de perdas reais em percentuais. De acordo com o estudo “as perdas aparentes (perdas meramente financeiras) também agravam o problema da disponibilidade hídrica, porém de modo indireto. (…) ao reduzirem a receita potencial do prestador, as perdas reduzem a sua capacidade de investimento e a possibilidade de realizar os investimentos necessários para sanar a baixa capacidade de oferta de água nas regiões”.
Para o estudo, foram utilizadas informações sobre os serviços de abastecimento de água em 4.926 municípios brasileiros – 1584 na região nordeste (32%), 1505 na região sudeste (31%), 1087 na região sul (22%), 417 na região centro-oeste (8%) e 333 na região norte (7%).