Raquel Freitas
12/05/2017
Muitos alunos e alunas já aprenderam que as respostas que precisam para suas atividades escolares estão a um clique, nos sites de busca. O que muitos ainda não perceberam é que os computadores são bons em responder perguntas, mas não são capazes de formular perguntas instigantes, que provoquem a criatividade, agucem a imaginação e contribuam para uma compreensão mais ampla do mundo à sua volta. Sem boas indagações, o processo de aprendizagem fica limitado. E apenas responsabilizar os alunos e alunas pela ausência de questionamentos não leva a nada.
O jornalista americano Warren Berger, autor do livro “A Pergunta Mais Bonita” (A More Beautiful Question), diz que entre os dois e cinco anos de idade as crianças fazem em torno de 40 mil perguntas, mas quando chegam à escola param de perguntar.
Por quê isto ocorre? O autor elenca algumas razões:
– Tempo: Com um currículo bastante apertado, os professores não conseguem abrir espaço para os alunos fazerem suas perguntas. E boas perguntas normalmente levam tempo para serem elaboradas.
– Conhecimento: O fato de os alunos já terem conhecimento sobre certos temas diminui sua curiosidade.
– Barreiras sociais: Muitos alunos não se sentem à vontade para fazer perguntas por medo de serem taxados como puxa-sacos ou nerds.
– Insegurança: Muitos têm medo de expor seu desconhecimento e ignorância sobre determinado assunto.
Fortalecer os alunos para que eles se sintam à vontade para fazer perguntas é um desafio para pais e professores. Segundo Berger, um dos principais caminhos para os adultos promoverem o questionamento por parte de crianças e adolescentes é demonstrar curiosidade e valorizar as perguntas deles.
Saber questionar é uma habilidade muito valorizada, destaca Berger. As empresas estão à procura de pessoas que saibam fazer boas perguntas, que abram caminhos para a resolução de problemas importantes e que contribuam para a descoberta de novas soluções. Uma educação que valorize a habilidade de perguntar também contribuirá para a formação de cidadãos mais capazes de fazer perguntas relevantes sobre a qualidade das políticas públicas e o desenvolvimento de sociedades mais sustentáveis.
O livro incentiva professores a propor atividades cujo objetivo principal seja a formulação de perguntas. Por exemplo, a formação de pequenos grupos de discussão sobre temas de interesse dos alunos, nos quais se desenvolva um modo de convivência em que os alunos superem eventuais receios e se sintam confiantes para indagar. Berger salienta que “fazer perguntas importa porque perguntas abrem espaço para o diálogo no lugar de fechar as portas e as relações”.
Acesse aqui matéria sobre as ideias de Warren Berger