Para mudar estereótipos sobre o envelhecimento: diferenças entre pessoas idosas não são aleatórias

11/03/2016
Equipe Prattein

Diferenças entre pessoas idosas não são aleatórias

“Grande parte das diferenças nas capacidades e caraterísticas pessoais dos idosos se devem a fatores positivos ou negativos que vão gerando efeitos cumulativos ao longo da vida. Os ambientes físicos e sociais nos quais as pessoas vivem determinam fortemente a possibilidade de um envelhecimento saudável. O modo como nos relacionamos com esses ambientes depende de fatores como configuração familiar, sexo, etnia e situação financeira. Em geral, os idosos que apresentam mais necessidades na área da saúde são aqueles que têm menos recursos econômicos e sociais disponíveis para atender essas necessidades. As políticas públicas devem buscar reduzir a desigualdade no acesso às condições que favorecem a saúde, pois esse é o fator responsável pela maioria das diferenças existentes entre as pessoas idosas.”

(Fonte: Organização Mundial da Saúde / Tradução livre: Prattein)

Acesse aqui o texto original da OMS

Comentário

Como outras etapas do ciclo da vida, o envelhecimento não é um processo que transcorre da mesma forma para todas as pessoas. O modo como cada um envelhece é fortemente determinado pelas condições e recursos a que teve acesso ao longo da vida. A saúde dos idosos será, em grande parte, um reflexo dessas condições.

Assim, por exemplo, dados do IBGE apontam que a proporção de idosos brasileiros pobres (com renda até 1 salário mínimo per capita) que declaram saúde ruim ou muito ruim é quase o dobro em comparação com o grupo de idosos com renda entre 1 e 3 salários mínimos per capita e o triplo em comparação com idosos com renda acima de 3 salários mínimos per capita.

Diferenças desse tipo, que se tornam evidentes a partir da simples consulta a estatísticas oficiais, podem ficar obscurecidas por uma visão estereotipada da velhice como processo que leva inexoravelmente à fragilização da saúde.

Os serviços públicos não podem ser orientados por essa visão equivocada do envelhecimento. Ao contrário, devem estruturar-se com base no reconhecimento das desigualdades nas condições de vida de diferentes segmentos da população, e buscar disseminar oportunidades de acesso a recursos que possam promover um envelhecimento saudável para todos. Vale frisar que esses recursos não se limitam aos serviços de saúde, mas incluem também serviços de educação, assistência social, proteção no trabalho, transporte, acessibilidade, condições de moradia, segurança, etc.

Para que sejam efetivas, as políticas públicas voltadas ao envelhecimento devem estar fundamentadas em diagnósticos que identifiquem as condições de vida dos diferentes segmentos da população idosa e a situação e necessidades de aprimoramento dos serviços e programas voltados ao envelhecimento. Para ajudar os Conselhos Municipais dos Direitos do Idoso a exercitar de forma consistente a função propositiva e deliberativa que lhes cabe, a Prattein desenvolveu em 2013, com a colaboração da Interage, o guia Conhecer para Transformar, que apresenta conceitos, passos e instrumentos para a realização de processos permanentes de diagnóstico e planejamento de políticas municipais para a população idosa.

Acesse aqui o guia Conhecer para Transformar