Para mudar estereótipos sobre o envelhecimento

Fabio Ribas e Raquel Freitas

29/05/2017

No século XXI todos os países precisarão estruturar um sistema integrado de cuidados de longo prazo

“Em alguns países isso significa construir um sistema a partir do zero. Em outros, significa repensar o cuidado de longo prazo: organizar uma rede de segurança básica para os mais vulneráveis e conseguir avançar para um sistema mais amplo que maximize a capacidade funcional das pessoas idosas e garanta sua autonomia e dignidade. O número de idosos que precisam de apoio para as atividades da vida diária nos países em desenvolvimento deve quadruplicar até 2050.”

(Fonte: Organização Mundial da Saúde / Tradução livre: Prattein)

Comentário

O contingente idoso da população brasileira tem aumentado expressivamente nos últimos anos e, consequentemente, a demanda por cuidados para esse público também.

A qualidade da atenção às pessoas idosas que requerem cuidados mais intensivos é uma questão essencial, que depende da estrutura e da qualidade dos serviços públicos disponíveis (Instituições de Longa Permanência e Centros-Dia para Idosos), bem como das condições materiais e da orientação das famílias para desempenhar esse papel.

Camargos afirma que, apesar do aumento da demanda por instituições de longa permanência para idosos (ILPI), a imagem negativa destes estabelecimentos ainda permanece arraigada no imaginário das pessoas. Parte deste preconceito pode ser atribuída ao processo de constituição das ILPI, que historicamente abrigaram pessoas pobres, sem suporte familiar e com problemas de saúde que acabam exigindo sua institucionalização.

Com o crescimento da população idosa, a demanda pelas ILPI aumentará. Muitas delas funcionam de forma precária e sem adequada supervisão e controle por parte dos órgãos públicos (Secretarias Municipais de Saúde e Secretarias Municipais de Assistência Social). Segundo Camarano e Kanso, apenas 6,6% das ILPI brasileiras são operadas pelo poder público. A melhoria da qualidade do atendimento oferecido pelas ILPI – públicas e privadas – é um grande desafio no Brasil.

Os Centros-Dia voltados à população idosa começaram a ser criados mais recentemente. A maioria das pessoas ainda não conhece o modo de operação desses centros, voltados ao atendimento de pessoas idosas que possuem um grau relativamente preservado de autonomia e/ou independência, e não necessitam de institucionalização em ILPI.

Para pessoas idosas que não dependem de cuidado em tempo integral, os Centros Dia podem ser um serviço bastante interessante. Foram concebidos para propiciar a manutenção da vida ativa das pessoas e, ao mesmo tempo, dar suporte à estratégia de subsistência das famílias.

Estejam os idosos sendo atendidos por uma ILPI ou por um Centro-Dia, é essencial que os familiares mantenham com eles um vínculo de convivência amplo e estável. O acolhimento é sempre melhor que a institucionalização.

Referências:

Instituições de longa permanência para idosos: um estudo sobre a necessidade de vagas
Mirela Castro Santos Camargos

As instituições de longa permanência para idosos no Brasil
Ana Amélia Camarano e Solange Kanso

Guia de Orientações Técnicas – Centro Dia do Idoso
Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo