Norueguesa fala sobre abuso do conceito de “sustentabilidade”

Criadora da expressão “desenvolvimento sustentável”, a norueguesa Gro Brundtland, 73, afirma que o conceito ainda não foi colocado em prática. “A totalidade do conceito, a visão dos pilares econômico, ambiental e social numa abordagem de longo prazo não aconteceu em lugar nenhum”, afirma em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo.

Gro Brundtland é médica, foi ministra do meio ambiente da Noruega e por três vezes foi primeira-ministra do país. Em 1987 chefiou uma comissão que elaborou o relatório Nosso Futuro Comum, no qual foi cunhada a expressão “desenvolvimento sustentável”, e que serviu como base para a para a Eco-92, realizada no Rio de Janeiro.

Na entrevista, Brundtland critica ainda o uso indiscriminado do termo “sustentabilidade”, utilizado nos últimos dez anos como uma alternativa à expressão de sua autoria. “Essa palavra foi introduzida depois, como se entregasse aquilo que desenvolvimento sustentável significa. Você precisa olhar cada empresa para saber se ela está adotando a sustentabilidade ou a responsabilidade social corporativa”, diz a especialista.

De acordo com a norueguesa, o Brasil apresentou uma melhora com relação ao desmatamento da Amazônia. A transformação ocorrida na cidade de Cubatão, em São Paulo, é considerado um modelo por ela. “Quanto estivemos em Cubatão, aquilo era um dos casos mais graves de poluição industrial. Hoje é um exemplo de como as coisas mudam”, diz. Se há um país que está no caminho de uma economia verde, Brundtland acredita que é a Coréia do Sul, que “fez muitos esforços nessa direção”.

Com informações do jornal Folha de S. Paulo, 22 de março de 2012