Município de João Monlevade tem ensino de qualidade

Fabio Ribas | 22/03/2005

“Passei com 82 em Língua Portuguesa e sempre fui bom aluno”, orgulha-se Ronaldo dos Santos Júnior, 12 anos, estudante da 7ª série do Centro Educacional de João Monlevade. Até aí, tudo bem, mas tem uma diferença: “Ano passado, o professor acompanhava cada um. Se um aluno tivesse dúvida, explicava até que todos entendessem”, diz. Esta é, sem dúvida, a melhor prática de ensino, reforçada e aprimorada com a implementação da metodologia Cidade-Educação no município de João Monlevade (MG). Elaborada pela Prattein – Consultoria em Educação e Desenvolvimento Social, a metodologia tornou-se parte do Programa Ensino de Qualidade (PEQ), patrocinado pela Belgo e desenvolvido em parceria com a Prefeitura.

O método consiste em utilizar ferramentas de gestão e avaliação que possibilitem a definição de metas educativas e ações prioritárias que visam à obtenção de melhorias sustentáveis nos níveis de aprendizagem dos alunos. No entanto, não se resume à prescrição de um modelo lógico de planejamento. Ao contrário, busca desenvolver os gestores locais na utilização de um modo de pensar e agir que favoreça a construção, consolidação e sustentação de um modelo próprio de gestão, aproveitando potenciais preexistentes na Secretaria e na rede escolar, e mobilizando amplamente a participação da comunidade. “Nós apresentamos o que precisávamos e definimos aquilo que poderia dar certo conforme a nossa cultura e demandas do município”, diz a secretária de educação, Geralda Oliveira, que acompanhou a implantação do PEQ como secretária e continua nesta gestão.

Resultados

Ronaldo, o aluno da 7ª série percebeu bem. O método Cidade-Educação capacitou os professores e muniu-os de ferramentas que estão contribuindo para aprimorar a qualidade do ensino. O Sistema de Avaliação Municipal da Educação, parte da metodologia, é o termômetro. Aplicado aos alunos do ensino fundamental que estão no último ano de cada ciclo (escolas organizadas em ciclos) e na 5ª e 8ª séries (escolas seriadas), o Sistema de Avaliação já mostra os resultados. Em 2003, antes da implementação do método Cidade-Educação, as avaliações constataram que as escolas precisavam aprimorar o ensino da leitura e da escrita. Ações foram desenvolvidas e os resultados vistos com a segunda avaliação, aplicada no ano passado: os alunos alcançaram, em média, 65,5% de acertos. Este desempenho representa um crescimento de 19,7% em relação ao obtido em 2003. Em João Monlevade apenas 4,8% do total de alunos da 8ª série apresentaram desempenho que pode ser considerado crítico ou muito crítico em Língua Portuguesa. Embora baseados em outros testes, dados do MEC revelam que, para o conjunto de Minas Gerais, os alunos com esse padrão de desempenho crítico na 8ª série somam 27,1%. Já em Matemática, a média geral em Monlevade foi de 51,4% de acertos, um número que, para a Secretaria de Educação, precisa ser melhorado.

É o que será buscado a partir de agora. Os resultados subsidiarão o planejamento das ações que serão desenvolvidas pela gestão municipal da educação no período 2005 – 2008. “Hoje é mais fácil melhorar a educação em Monlevade”, diz a professora de Língua Portuguesa da Escola Municipal Governador Israel Pinheiro, Renata Mendes. “Estamos sendo capacitados, a Secretaria investe na implantação de laboratórios, trocamos experiências entre as escolas e sabemos exatamente onde atuar para que os alunos tenham um melhor desempenho”, explica. “Com o PEQ, os professores ampliam a visão da educação, adquirem mais segurança e, conseqüentemente, aumentam sua capacidade de atender o aluno com qualidade”, reforça a diretora da Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas, Bethânia Martins.

Foi desta forma – envolvendo os oito mil alunos, 370 educadores, 169 servidores e cerca de três mil famílias, medindo resultados e planejando as ações – que o método Cidade-Educação transformou-se em política pública de ensino em Monlevade. Com isso, a metodologia se transforma num processo permanente de gestão e aprimoramento da atividade pedagógica, incorporado pelo próprio sistema escolar.